quinta-feira, 30 de junho de 2011

Refletindo sobre meus sentimentos

Vó Luci e vô Paulo
             
            Uma coisa que me intriga, acredito que não apenas a mim, é o amor, a forma estranha e algumas vezes encantadora como ele surge em nossas vidas.
            Aos 12 anos eu me apaixonei pela primeira vez. Como é de se esperar, fiz mil planos, sonhei até não poder mais, tudo por causa de um beijo, mas não foi qualquer beijo, foi “o primeiro beijo”.
            De certa forma nos sentimos até forçados a acreditar que esse é um beijo especial, mas o meu de fato foi, pois soube romper as amarras do “amor romântico” e se tornar algo real, algo que soube se modificar com a vida e crescer para uma coisa mais ampla, muito livre de rótulos, inclusive dos da amizade.
            Consegui transformar meu primeiro amor em um amigo especial, que eu esperava ter sempre por perto, e enquanto pude eu tive, hoje ele já fez seu desenlace do corpo terreno, mas ainda está muito presente em meu coração e em minha memória. Inclusive já foi motivo de briga com um ex, (pasmem!!!) ciúmes de quem já faleceu não é para qualquer um, ele continua “causando” em meus relacionamentos, deve ter ficado todo metido assistindo isso de camarote.
            Depois vieram outros alguns até muito especiais, outros nem tanto e eu acabei aprendendo o que de fato quer dizer a citação:

“Cada um que passa em nossa vida
Passa sozinho...
Porque cada pessoa é única para nós,
E nenhuma substitui a outra.
Cada um que passa em nossa vida
Passa sozinho,
Mas não vai só...
Levam um pouco de nós mesmos
E nos deixam um pouco de si mesmos.
Há os que levam muito,
Mas não há os que não levam nada.
Há os que deixam muito,
Mas não há os que não deixam nada.
Esta é a mais bela realidade da vida...
A prova tremenda de que cada um é importante
E que ninguém se aproxima do outro por acaso...”

            (Me perdoem por não saber quem é o autor da citação, é que nos dias de hoje, com o Deus Google imperando, essa citação aparece com as mais diversas autorias.)

            A primeira vez que me deparei com essa citação eu havia acabado de “perder”, embora hoje não acredite que é possível perder alguém uma vez que eu sei muito bem onde ele mora, perder mesmo eu perdi meu celular, mas enfim, havia perdido meu “grande amor”.
            A citação podia até fazer sentido, mas hoje, muito mais experiente, vejo que ela faz um sentido enorme, muito mais amplo do que eu poderia conseguir compreender naquele tempo. Ao menos a idade nos trás essas vantagens.
            Mesmo com a idade de hoje, que não é muita (isso é importante ressaltar, não vivi nem metade do que pretendo), ainda consigo me sentir de certa forma perdedora quando não consigo manter uma relação amorosa, como se eu tivesse nadado e morrido na praia, o problema é que relação a dois é a dois, você não joga sozinha, não dá para vencer sozinha, isso complica muito.
            Sinto-me ainda envergonhada de certa forma, principalmente quando sou enganada, recai sobre mim uma cobrança pessoal: como você pode se deixar enganar! Você parece uma adolescente!, sabem essa coisa perfeccionista que ignora o fato de que quando apaixonados os seres humanos são todos facilmente enganados, a paixão quimicamente falando é um veneno para o nosso organismo, nós nos sabotamos, nossos hormônios nos sabotam, é uma coisa terrível! Ainda de acordo com a psicóloga Mônica Portella, autora do livro Como identificar a mentira, o apaixonado apresenta uma dificuldade muito maior de detectar a mentira do ser amado.
            Deu para notar que andaram mentindo muito para mim né? Agora o lance é controlar para não me tornar uma neurótica metida a detector de mentira. Mas até que estou bem controlada, meu coração anda tranqüilo.
            Outra coisa que até assusta é essa tranqüilidade, minhas amigas com idade mais próxima andam arrancando os cabelos, não me batam, pois não citei nomes, mas eu estou muito bem com isso, não tenho nenhuma pressa de conhecer “o amor da minha vida” ou “o pai dos meus filhos”, já não creio mais nesses rótulos, entendam, não é que não acredite no amor, acredito, amo me apaixonar, mesmo ficando burra, só não gosto de jogar com as expectativas, pois não acredito na importância de se ter uma relação amorosa para ser feliz. 
“Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser um”
(Fernando Pessoa)
            É nisso que está meu foco, em ser uma, se vier para somar seja bem vindo, se não, eu estou muito bem assim, obrigada!