Antonio Fabiano Junior
A vida é mesmo cruel. Se não namoramos, somos encalhados, feios, sem graças. Resultado? P-r-e-c-i-s-a-m-o-s (assim mesmo, letra por letra) fazer um novo corte de cabelo incrível, comprar milhares algumas roupas e emagrecer (tá, vai, emagrecer a gente acha que precisa sempre), tudo para tentar, de alguma forma, convencer a gente e o mundo de que estamos solteiros porque queremos. O fato é que não conseguimos. E aí conhecemos alguém que não gosta das mesmas coisas, não conversa sobre os mesmos assuntos e não ouve as músicas que amamos e mesmo assim namoramos esse erro em forma de pessoa, Não porque a gente gosta dela e quando acontece algo incrível no nosso dia o primeiro telefone que a gente pensa não poderia ser outro, mas namoramos para nos sentirmos um pouco mais bonitos, um pouco mais divertidos e um pouco mais magros (tá bom, a gente nunca se sente mais magro. Vida cruel, um beijo pra você!).
Mas aí o tempo passa e vemos que (sinto informar) nada muda. Continuamos histéricos, inseguros, com medos e nos achando feios, gordos e sem roupa. Sempre. Até que encontramos alguém. Alguém que não faz a gente precisar ser mais bonito para o mundo, alguém que a gente não odeia quando vez ou outra tira o nosso sono. E percebemos que namoro não é estepe nem solução para ser aceito. Namoro é, de fato, quando a gente é abraçado por quem a gente gosta. E quando o outro gosta da gente do jeito que a gente é. Simples assim. Percebemos que coisa boa de verdade é quando a gente não quer desfilar nossa conquista para os outros, mas quando acordamos (ambos) amassados, mal-humorados e loucos para passar o dia ao lado daquela pessoa. Só daquela. Por ninguém e com mais ninguém. E, mesmo feio, irritado e com remela, a gente está feliz.
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